O Poeta

Repertório de felicidades

Meu amor tem nome e é uma fêmea
Seus faróis enxergam alto
Seus dons transformadores inspiram e festejam o bem
Eu louco, e em mim, só desejo tempo para permanecer em sua festa
E amá-la de forma que ela perceba e eu não precise jurar

Esse sentimento me envaidece
Saio por aí e dá vontade de gritar seu nome no infinito
Mas não conto para ninguém
Ela pode sentir o meu melhor e isso basta no meu repertório de felicidades
Como as pérolas que a envolve
Quero voltar aos sedosos braços dela
E dizer “te amo” como a primeira vez

 

Meu cobertor

Moro na areia e ouço a sereia cantar onde o sol se banha.
É o mar cultuando a beira de passos carimbados nos grãos dela.
A favor do amor, para os dias nascerem salteados de sal e sinais norteando a doçura do samba, do fardo, da fala, da favela e de quem dela vem.
Onde a dor é salva a alma!
Te quero luz ao relento, rumo ao talento, prumo a ti mesma, cidade!
Desde que aqui chegamos, casa mãe, você nos protege, nos sustenta, nos ensina e nos alimenta com seu ingrediente mais saboroso: a mágica de fazer gente feliz.
Cidade íntima…
Teu ritmo, meu afeto, teu teto, meu cobertor.
Ao te ver passar, pousada em glórias de tantos que por ti lutara, rogo-te mais amor!
Há de vir o que mais desejas;
E que venha em paz para seus dias que celebramos com tanta alegria a honra de ser um instrumento de ti
Córrego de um Candeal ao buracão.

 

Olhar à eternidade

Corres para o que te alcanças
Descansar dá trabalho
Olha as nuvens em um breve desmaio sobre a luz que pousa sobre a nossa terra
O mar configura as almas
As águas aguardam sua sede
E eu não canso de beber-te
Aqui nasci e sei que teu sal é doçura, que tua dor tem cura
Que tipo de amor procuras?
Tens o meu e o dos meus, que, junto aos seus, iguais ideais e cidades
Teu olhar perpetuado à eternidade
Meu canto de intimidade
E entre o intervalo de nascer e morrer, por ti tudo farei.
Pairo aqui, desconstruo qualquer sentimento para celebrar-te.

 

Manhã Mulher

Deixe agora meu carinho te surpreender
Do longe ele vem em palavras e não sossega, como eu, sem o alcance dessa hora
Ele sortudo e mais forte te suporta na minha frágil ausência de embala-la
Ele tem mãos e escorre pelos os teus cabelos
Ele tem cheiro que vira canção
Ele tem olhos e, de ver-te, agora sorri
Ele pode com a alma, mas sou eu que o transbordo em pesamentos Voar e sonhar…
Que pena a minha pena de ganço me conforta, mas não lhe tem à rede
E as paredes que meu olhar travesso atravessa te dará travesseiros
Estância de afeto
E terá na minha alegria de te adorar o colo que procuras
O meu braço em teu abraço
A sua força que estanca lágrimas dos fortes, toma essa minha alma sem palavras
E por carinho, neste solo de doçuras, amanhecer

 

Suor Caseiro

Qual letras que se veem a bordo da borboleta
Fui à luz e vi a tempo a tempestuosa escuridão
Acostumei-me ao comportamento natural das coisas
E então pedi ao amor uma companhia que mudasse o meu percurso
Entre a fresta do invisível e a ausência do merecido
Vi o que queria ver
Guardei uma gota para lavar-me o suor caseiro
E me fazer sonhar na viagem, pleno de ti
Não sei de onde vens, mas chegaste
Qual tetas que se leem lentas
Qual borboletas que estalam letras
Tangos
Mambos
Boleros